Gratidão Quebrada

É chato sentir assim, mas não consigo evitar. Queria ser aquela pessoa que simplesmente ignora a dor e sorri aquele sorriso amarelado falso. Infelizmente (pra alguns) eu sou esse alguém transparente.

Quanto mais vivo, mas sinto como se eu estivesse apenas existindo e tenho certeza de que a gratidão morreu, pois atualmente me machuca ver um caso que está acontecendo próximo a mim.

Tipo, qualquer coisa que a pessoa X faz para Y, tem que ser comentado, ovacionado, agradecido. Tudo o que a pessoa Y faz para a X, não tem importância, como se fosse obrigação dela.

É chata essa situação e vou dar um exemplo com menos códigos.

Uma pessoa X faz algo para uma Y e tudo bem, a pessoa Y demonstra gratidão e reconhece as coisas boas que a X faz, mas tem a obrigação de estar constantemente engrandecendo o ego da X.

Agora a pessoa Y também faz coisas para a X, mas ela não se importa, não tem valor, como se fosse obrigação do Y. E os únicos momentos em que X fala sobre coisas que Y fez, é quando quer falar pro Y que ele só faz pra jogar na cara.

Tipo, pensa comigo e vê se meus sentimentos em relação ao assunto está errado. Agora usando um exemplo da minha vida pessoal.

Uma pessoa vai mudar, ela vai chegar com a mudança em São José dos Campos, colocar a mudança na casa, vai tomar um banho e descansar, porque ela diz que vai chegar cansada.

A outra pessoa, sai de manhã pra ir trabalha, sai do trabalho, vai na loja comprar materiais pra pintar casa, chega em casa, tem que lixar as paredes até a mudança da pessoa 1 chegar.

Enquanto a pessoa 1 estiver tomando banho, a pessoa continuará lixando parede pra poder pintar, não só por questão de estética da casa (eu seria falso se dissesse que isso não é um fator também), mas por questão de saúde, visto que a pintura até esta desfarelando.

Falar que a pessoa 2 fica cansada, quase um crime, porque mesmo fazendo tudo pro lugar ficar agradável de se viver, não importa, porque ela só faz pra jogar na cara da pessoa 1.

Tudo o que a pessoa 2 fala, parece não ter importância para 1. Outro exemplo é.

Quando a pessoa 1 está com dor ou apenas cansado, a pessoa 2 vai e faz massagem. Quem ama quer cuidar, quer ajudar a fazer as coisas ficarem melhores.

A pessoa 2 está quase travada de dor e implorando massagem, a pessoa 1 ignora e a melhor parte, a pessoa 2 não pode pedir pra outras pessoas fazerem, pois ela se sente desconfortável, então fica sofrendo e se sentindo sem importância.

Infelizmente é assim que eu me sinto todos os dias. Não adianta querer dizer que tudo é perfeito, porque não é. Tudo o que falo parece ser errado e as pessoas fazem o que podem pra jogar a culpa em mim.

Uma coisa que aconteceu também foi, um documento do David chegou na antiga casa dele, ai ele me pediu pra buscar, eu disse que ok, ai pedi pra ele perguntar pro cara se não tinha como ele me encontrar no centro de São José pra ficar mais fácil, ai ele veio falar que não, que não é obrigação do cara sair da casa dele pra levar um documento pra mim. Poxa, não sabia que estou nadando em dinheiro, porque pra mim, parece que estou nadando num mar de desesperança apenas.

Pra quem não conhece São Jose, pra pegar esse documento, eu tenho que sair da zona sul, ir pro centro, depois pra zona leste, pegar o documento, depois ir pro centro e depois voltar pra zona sul.

Minha pergunta é, é muito ruim eu pedir pro cara me encontrar no centro pra eu não ter que dar esse rolê todo?

Se o cara me dissesse que não tem como, ok. Eu iria buscar de qualquer jeito, mesmo que eu tivesse que gastar mais tempo e dinheiro, mas o problema não está aí, o problema está em ter empatia por um cara e ignorar as minhas necessidades. Poxa, eu acordo as 6 da manhã pra me arrumar e ir trabalhar, chego cansado e estressado, mas ele não se importou, ele estava mais preocupado de o cara se deslocar até o centro.

Ai eu falei exatamente isso pra ele e o que ouvi foi um: Ai jogando na cara que faz coisas pra mim.

Tem horas que eu me sinto apenas um objeto desnecessário na vida das pessoas. Em algum momento elas precisam e usam, depois jogam no canto até precisar de novo.

Me dói ver que uma pessoa que devia ser parte de mim, tem mais preocupações com outras pessoas e não comigo.

Eu sei que pessoa vão dizer que estou fazendo drama, então agora farei um pra explicar o quão grande é minha dor.

Ela é tão  grande que se tivesse um chão de lavas, ele me jogaria em cima pra pessoas atravessarem pro outro lado, passaria também, chegaria do outro lado e diria um “você vai ficar aí?”, eu diria um “você viu como estou?” e ele diria ”Aí jogando na cara de novo que faz coisa pra mim”.

É dramático, mas é como me sinto, não é lava, mas é o que ele faz.

Quando você casa com alguém (pelo menos eu, não sei vocês), você quer companheirismo, você quer compreensão, você quer um: isso te incomoda, então vamos solucionar.

Você quer alguém que intenda suas necessidades e tente te ajudar. Alguém que pergunta você está cansado, ao invés de dizer que está cansado.

O casamento devia ser um cuidando do outro, não um cuidando de si próprio. Não tem nada de errado em você pensar em si próprio, inclusive está certo, mas você tem que pensar na pessoa do seu lado.

Tipo, alguém está dando em cima de você, tu tem que pensar, eu me sentiria confortável com alguém dando em cima de quem estou casado, não né, então eu tenho obrigação moral de cortar a pessoa, antes que aquela “brincadeira de mal gosto” se torno algo irreversível. E acredito quando eu digo que guerras se fazem com menos. Se você deixa as pessoas darem em cima de você e você não corta, a pessoa que está com você tem o mesmo direito. Se você trai a pessoa, ela tem direito de trair e, não estou dizendo que isso é certo, mas entenda ou pelo menos se esforce pra entender o lado da outra pessoa.

Uma das coisas que me chateava antigamente com a minha tia. Tudo parecia uma competição, você dizia: ”ai que dor de cabeça” e ela vinha com um: “eu estou com dor de cabeça e estou passando mal e (tudo mais que faça a dor dela parecer maior)”. Só que no caso da minha tia, ela teve alguns problemas de saúde e ela sente muita dor e, ela tem esse jeito mesmo, então depois de alguns anos, eu me acostumei, até porque eu estava morando de favor com ela, então gratidão é maior do que se possa imaginar.

Agora estar na minha própria casa, sentindo que sou apenas um adereço dela, apenas uma decoração, isso que dói, porque eu queria me sentir importante, eu queria sentir com valor. Eu queria dizer “eu não posso entrar na casa antes de pintar, porque vou passar mal, por causa de uma doença” e a pessoa disse “então bebê,  o que precisamos fazer pra que você ficar bem?”.

É doloroso demais se sentir mal no lugar que devia ser um espaço sagrado.

Em um texto recente, eu escrevi:

“Estamos nos mudando pra uma casa aonde nossos sonhos poderão ser melhor construídos”.

 Parece que me ilusionei de novo né?

Eu queria conseguir ser assim. Me pergunto se ele ficaria comigo se eu fosse igual a ele. Eu me pergunto o que ele sentiria se pudesse ficar no meu lugar por 1 dia, mas não digo eu no lugar dele e ele no meu, digo ele no meu lugar sofrendo na mão dele mesmo.

Eu queria que ele soubesse como me sinto e demonstrasse amor, porque amar é mais do que palavras. São ações.

Eu poderia pegar uma casa aleatória só pra estar lá, mas não, pesquisei e procurei um lugar aonde pudéssemos sentir felicidade, um lugar aonde poderíamos chamar de lar, mesmo que seja por 1 ou 2 anos, um lugar aonde podemos dizer pras pessoas que ali existe amor, que ali existe suporte, que ali existe honestidade.

Me responda algo:

“Eu sou idiota, em querer que alguém chegue e me diga que sou importante pra ela e que sou alguém que ela quer por perto sempre?”

Entende meu ponto de vista? Eu me sinto um objeto na minha casa, eu faço as coisas sem reclamar e faço sacrifícios, não pra me gabar, não pra jogar na cara, mas se for pra jogar, acho que vou começar mesmo, porque tenho orgulho de dizer que fiquei quase um dia todo sem comer, porque fui trabalhar e depois resolver coisas para que meu MARIDO se sinta bem e confortável, para que ele chegasse numa casa limpa e pudesse de sentir num lar, não um qualquer, o lar dele, a casa dele.

Tenho orgulho de dizer que tenho me sacrificado pra fazer com que não falte nada, fazer com que olhemos pra NOSSA CASA e tenhamos orgulho de chamar de lar.

Mas no final minha opinião não importa e qualquer bem que eu faça, serve só pra jogar na cara, então estou perdendo vontade de fazer qualquer coisa. Talvez se eu não fizer nada, terá mais valor do que eu fazer algo.

Essa é a dor que estou carregando no momento, enquanto coloco a necessidade de meu parceiro acima da minha, acho que está chegando a hora de eu me colocar em primeiro lugar.

Não importa o que aconteça em sua vida, você tem VALOR, você é IMPORTANTE, não deixe ninguém te rebaixar, não deixe ninguém te fazer sentir MAL. Seja você, se ame e corte laços e raízes ocas.

 

Com amor, Scott

 

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