QUEM SOU EU? Viadinho


QUEM SOU EU?

Durante muito tempo, essa pergunta ficou em minha cabeça e devo confessar que ainda não sei responde-la. Essa é a parte que machuca mais, pois eu queria dizer de peito aberto que eu sou quem sou, mas se eu não sei quem sou, não tem como eu ter orgulho disso. Principalmente quando a minha parte "gay" me mantem sempre com medo, graças a uma unica pessoa.
Eu tenho uma tatuagem escrita "FEARLESS", que é um mantra pra eu viver minha vida sem medo de arriscar, sem medo de ganhar ou perder. Viver sem medo de ser eu mesmo, mas o que devo fazer realmente, quando eu tenho medo de pessoas importantes virarem a cara pra mim?
O meu irmão "BIOLÓGICO", me expulsou da vida dele, me jogou de lado, como se eu não fosse nada, como se eu nunca pudesse significar algo pra ele. Ok, ele casou agora, mas o problema vem de muito tempo atrás.
Esse meu irmão sempre foi meu herói, eu sempre tinha ele do meu lado, mesmo que fosse pra ele e pro amigo dele pegar o estilingue e jogar uma pedra na minha cabeça, me fazendo quase desmaiar com a força.
Eu aguentei muita coisa e passei por muita coisa com ele, mas nos momentos que eu mais precisei, ele sumia. Quando a nossa mãe morreu, aonde estava ele? Sei que foi doloroso pra ele, mas eu era pequeno, eu precisava dele, mas ok, vamos deixar essa parte passar.
Quando eu me descobri "gay", aonde estava ele? Por que ele não estava comigo?
Tu não sabe o quão horrível é, tu ouvir do teu próprio irmão, que se tu quiser andar perto dele/com ele, tu tinha que "virar homem" e arrumar uma namorada. E sabe qual foi a pior parte?
Eu realmente arrumei uma namorada, não porque eu a amava incondicionalmente, mas sim porque eu queria o meu irmão por perto. Com o tempo, o carinho que eu tinha pela garota, virou paixão, mas não era amor ainda, então começou a história de casar (que vocês já acompanharam nos blogs antigos, nesse blog e no canal do youtube), mas graças aos céus, o casamento foi interrompido a tempo, antes que destruísse mais ainda as nossas vidas. Confesso que eu não queria que tivesse acabado, mas chegou no ponto máximo do que dava pra aguentar.
Quando o noivado acabou, eu não fiquei triste por mim, mas sim por causa do meu irmão e da minha mãe biológica, que tratavam esse casamento, como se fosse deles próprios, enquanto o relacionamento de um deles, estava pior que o meu, mas tentava manter aparências.
Ser "gay", sempre foi um ponto que me distanciava dos meus sonhos, dos meus familiares, dos meus amigos. Uma vez, o meu vô me falou que eu acostumava a ser sonhador e perguntou o que aconteceu pra eu parar de ser, a minha vontade era dizer pra ele toda a verdade, contar do como eu me sentia sufocado por ser assim, contar o como eu queria poder ser eu mesmo, sem correr o risco de perder minha vida e meus sonhos.
Vou contar alguns segredos aqui pra vocês.

- As vezes, eu sinto nojo de mim, por ser LGBT e não conseguir amplificar a minha voz pra ajudar outras pessoas que precisam da minha voz emprestada.

- Eu não volto a morar com a minha mãe biológica, só porque eu sou gay e ela é pastora. Mesmo que ela me ame e não aceite, mas respeite, não me sinto bem colocando-a nessa posição horrível, pois eu dormindo algumas vezes na casa dela, a religião dela me destruiu, pois já tentei mudar, tentei seguir o caminho que eles escolheram pra mim.

- Parte de mim, amou o Marcelo com mais força, por causa do quase recente termino do noivado. Ambos estávamos quebrados por dentro e nos grudamos com força, mas não éramos a pessoa certa um pro outro, pelo menos no sentido romântico.

- Mesmo sabendo que meu vô provavelmente já saiba que sou gay, eu tenho medo de contar pessoalmente/ falar pessoalmente e tudo mudar.

- Eu tenho um amigo chamado Artur e eu o amo com todo o meu coração, inclusive, eu escrevi músicas pensando nele e transformei em um EP e posteriormente em um álbum (Ninguém sabia dessa última parte, então SURPRESA). Só que por ele ser meu amigo e eu não querer perdê-lo, eu nem tento, pois todas as pessoas que eu amo de verdade, acaba indo embora pra sempre e me deixando quebrado, e a importância do Art pra mim é tão grande, que prefiro sofrer não podendo beija-lo, toca-lo e coisas do tipo, do que sofrer não podendo tê-lo em minha vida pra sempre.

- Eu amo um garoto chamado Eduardo, mas evito falar sobre isso, porque ele é hétero e um tipo diferente, é um amor platônico misturado com uma paixão fervente (Diferente do Art, que é amor puro), mesmo eu querendo ficar com ele, eu nunca teria chances reais (Vocês saberão muito mais sobre ele, se vocês lerem o livro STAY AND HOLD ON: OLHOS DE ESTRELA que será lançado em 2019), queria ter chances, mas não tenho. Eu acordava vendo a foto dele, principalmente da cintura pra cima. Ele tem tatuagens lindas e um peitoral que me tirava o sério.

- Eu teoricamente "casei" com um primo meu, não posso dar detalhes, mas aconteceu. Só que sempre acabo me sentindo desconfortável com algumas ações dele. Eu tento ajudá-lo a se tornar alguém melhor, mas parece que ele não quer, parece que todas as vezes que eu mostro o caminho correto a seguir, ele prefere escolher qualquer um dos outros milhões de caminhos divergentes.


Bom, quem é o Scott, eu não sei, mas estou lutando e caminhando pra tentar descobrir.

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